segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sono x Volante.

Que o sono é inimigo do volante nós sabemos, mas as causas do sono ainda são muito confusas para a maioria. Atenta a isso, fiz uma matéria para a disciplina de Jornalismo Multimídia III sobre a nova lei para o motorista profissional tirar e renovar a carteira nacional de habilitação, que consiste em exames obrigatórios para diagnosticar possiveis doenças do sono. Já ajudando, e muito, na segurança de todos os outros motoristas e passageiros.
Saiba mais sobre o sono e suas consequências quando diagnosticado como doença a seguir:

Nova lei para tirar e renovar a carteira nacional de habilitação desagrada motoristas profissionais.

O caminhoneiro Valdir José da Silva, 65 anos e 32 anos de carteira profissional, é um bom exemplo da confusão gerada pela nova resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que obriga os motoristas de ônibus a caminhões a fazer exames que detectam doenças do sono. “O problema é que o dinheiro do exame sai do nosso bolso, e aí a gente acaba dando um jeitinho de não passar por isso”.
Não há dúvidas de que o número de acidentes causados pelo sono precisa ser reduzido. Num total de 34.654 pessoas que morreram em acidentes de carro, em 2004, cerca de 18% podem ter morrido por conseqüências de cochilos enquanto dirigiam, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Mas, se forem tratados, a redução dos problemas é de 70%. Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) conclui que motoristas prejudicados pelas doenças de sono têm de duas a três vezes mais chances de se envolver em acidentes. Valdir José da Silva confessa já ter passado por tal situação: “A gente passa muitas horas seguidas dentro do caminhão. Chega uma hora que o corpo não agüenta. Se não parar para dormir, acaba cochilando no volante”. O que os profissionais reclamam é da burocracia em torno da nova lei, já que leva a uma grande complicação, caso seja detectado qualquer tipo de distúrbio.
Segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), hoje, no Brasil, 8.617.331 motoristas possuem categorias C, D ou E. A nova resolução do Contran consiste em fazer com que todos que forem renovar ou tirar a carteira nacional de habilitação das categorias C (caminhão), D (ônibus) e E (carretas), passem por um exame clínico e respondam a um questionário. Se houver indícios de quaisquer distúrbios do sono, o condutor será encaminhado a fazer a polissonografia. A polissonografia é um exame que avalia o padrão do sono do paciente por meio de sensores fixados na pele com fita adesiva. É a partir dos resultados desse exame, que o profissional saberá se é portador ou não de algum distúrbio.
A polissonografia pode ser feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente. Mas, dependendo da cidade, a fila de espera para conseguir o exame pode ser longa – de 2 meses em média. Enquanto o condutor não realizar o exame e estiver em tratamento, terá sua CNH suspensa. A opção é fazer a polissonografia numa clínica particular, onde desembolsará cerca de R$ 800. ”Toda mudança que reflita diretamente no orçamento do cidadão gera polêmica. Sabendo disso o Detran São Paulo está elaborando recomendações aos médicos credenciados para que promovam os exames com extremo critério, a fim de solicitar exames complementares somente quando necessário” esclarece o delegado da Ciretran de Limeira, José Roberto Sampaio. “É evidente que como toda nova medida gera muita dúvida. Acredito que passada essa fase teremos uma melhora significativa no trânsito” defende Sampaio.
Segundo pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), cerca de 40% dos brasileiros não conseguem o descanso necessário durante a noite. “Pacientes com distúrbios do sono podem colocar em risco não só a sua saúde, mas também a segurança pública, pelos freqüentes acidentes de trânsito e de trabalho relacionados às conseqüências de noites mal dormidas”, alerta o especialista em distúrbios do sono, Shigueo Yonekura, do Instituto de Medicina e Sono das cidades de Campinas e Piracicaba. Os distúrbios do sono podem reduzir a capacidade de atenção e reação dos condutores, principalmente daqueles que passam mais tempo ao volante como os motoristas de ônibus e transporte de cargas”, afirma. O médico também alerta que quem sofre da síndrome da apnéia do sono também precisa ficar atento. “o problema aumenta em sete vezes o risco de acidentes de trânsito”.
De acordo com a Associação Internacional do Sono, existem mais de 80 distúrbios relacionados. Deste total, os três transtornos mais comuns são a síndrome da apnéia do sono, a insônia e a síndrome das pernas inquietas. A apnéia é causada por sucessivos fechamentos da passagem do ar na garganta enquanto estamos dormindo, o que provoca múltiplos despertares à noite. Os sintomas da apnéia são bastante variados, mas pode-se detectar através do ronco, da sonolência e fadiga excessiva, perda da libido e queixas de dores de cabeça matinais. A insônia é caracterizada pela incapacidade de começar a dormir ou manter-se dormindo durante toda a noite. A síndrome das pernas inquietas tem como sintomas o mal estar, formigamentos, coceiras e queimações nos membros inferiores. Tais distúrbios são mais decorrentes em homens com mais de 30 anos de idade e em mulheres a partir da menopausa.


Tecnologia brasileira pode ajudar motoristas profissionais a controlarem o sono.


A tecnologia também entrou na luta contra os acidentes causados pelo sono. Bem antes das medidas tomadas pelo CONTRAN, a Stracta, empresa brasileira de tecnologias, lançou no mercado o Sleep Alarm, um alarme contra o sono ao volante. O aparelho feito para ser acoplado ao ouvido detecta quando o condutor inclina a cabeça acordando-o com um sinal. Disponíveis na versão sonora e vibratória custam, em média, R$15,00. Porém, o aparelho funciona apenas para aqueles que “pescam” quando dormem. Para aqueles que fecham apenas os olhos, está em fase experimental o Optalert, aparelho que aciona seu alarme de acordo com os movimentos dos olhos e a freqüência do pestanejar. Os aparelhos não precisam passar por aprovação médica porque são conectados no lado de fora da orelha e dos olhos, mas o médico neurologista Ademir Baptista Silva, especialista em medicina do sono e chefe do Departamento de Distúrbios do Sono da Abramet, ressalta em entrevista a Gazeta do Povo que "equipamentos como o Sleep Alarm podem até ser bons aliados dos motoristas, desde que as pessoas não depositem neles toda a responsabilidade de evitar um cochilo". Mas como prevenção, são uma boa opção para aqueles que não têm um bom controle do seu sono. Onde encontrar: www.stracta.com.br/(11) 3288-7544 .



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